Rafting no Tâmega

Nicolau Ribeiro

Dizer que o rio Tâmega nasce na serra de S. Mamede, na Galiza, e que desagua em Entre-os-Rios, depois de percorrer 145 quilómetros, é o que regista qualquer compêndio de geografia que se preze. Falar da sua identidade, das formas como influenciou ou condicionou as populações das terras que banha é algo bem diferente.

Olhe-se Amarante. Jamais a cidade seria a mesma sem o seu rio, que terá sido determinante na fixação de pessoas e nas suas formas de vida: social, cultural ou económica; ou na maneira como as moldou por dentro, ao ponto de haver quem sustente que a personalidade de um amarantino se constrói de forma diferente “se tiver lavado o cú no rio”.

Em Amarante, conhecemos de cor os açudes, as azenhas, os moinhos, a neblina que, da água, se levanta pela manhã e que foi, porventura, a maior das inspirações de Eduardo Teixeira Pinto. Sabemos da maneira como inspirou artistas e escritores e como faz de quem cá mora cidadãos singulares. Disseram-no, entre outros, Eulália Macedo, tocada pelo “espírito do lugar” e pelas “mulheres da minha [sua] rua”; Agustina Bessa Luís, para quem “não é impunemente que se nasce em Amarante”; ou Teixeira de Pascoaes que, no seu Marânus, constatou: “(…) sem esta terra funda e fundo rio, eu não era o que sou”.

Amarante é o Tâmega. E vive-versa! Desfrutamos das praias, das suas margens, das trutas, das bogas, dos barbos, das ínsuas e da Ilha dos Amores, que as noivas de S. Gonçalo escolhem para se fazerem fotografar depois do enlace na Igreja. E do seu leito, que no inverno se enche e convida a desportos de águas bravas: canoagem ou rafting, por exemplo.

É disso que, hoje, lhe queremos falar. Pois bem, se (a)o leitor(a) é daquelas pessoas que combina adrenalina e aventuras na Natureza, deixe-nos fazer-lhe uma proposta. Reúna seis ou sete amigas(os) e venha daí experimentar uma descida de RAFTING no rio Tâmega. Pode fazê-lo entre fevereiro e maio, quando o rio apresenta caudais mais propícios a esta prática.

Em Amarante, existe um operador turístico que organiza descidas de rafting no Tâmega, com toda a segurança, guiadas por pessoas experimentadas e conhecedoras do seu leito, feito ora de rápidos de suster a respiração, ora de troços suaves e relaxantes.

A proposta da AMARANTRILHOS passa por iniciar a descida na praia do Vau, em Celorico de Basto, e, daí, “deslizar” ao longo de 12 quilómetros, com chegada à Quinta das Fontainhas, em Fridão (Amarante).

Quem já fez a descida diz ter sentido imensa adrenalina e desfrutado de sensações raras, num percurso de dificuldade média (2/3 em 5) e cujo tempo de duração anda pelas duas a três horas.

Joaquim Queirós, canoísta, várias vezes campeão nacional de Portugal e Espanha (com um total de 15 títulos) e participação em dois Jogos Olímpicos (Barcelona, 1992 e Atlanta, 1996) e em 10 Campeonatos do Mundo, é um experimentado timoneiro em descidas do Tâmega. Nasceu no rio, vive-lhe a adrenalina das águas bravas, e entre a praia do Vau e a Quinta das Fontainhas, em Fridão, conta-lhe 15 rápidos e seis quedas de água.

Da paisagem, diz Joaquim Queirós ser deslumbrante, convidando quem se aventure nas descidas a fazer-se acompanhar de uma câmara tipo Go Pro. E salienta dois pontos de interesse: as pontes de arame de Rebordelo e Fridão.

Segurança é palavra de ordem, ficando do lado da organização o fornecimento de colete, capacete, pás e fatos e botas de neoprene.

Quer experimentar? Seja bem-vindo a Amarante.

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