De Via Romana à Vila que se tornou Princesa do Tâmega

De Via Romana à Vila que se tornou Princesa do Tâmega

Grande parte das cidades atuais têm origem em burgos medievais, pequenos povoados amuralhados, normalmente associados a um castelo ou a um convento. O seu crescimento, tendencialmente radial, era possibilitado pela construção de novas muralhas que albergavam uma maior área de terreno.

Amarante destaca-se das demais, tendo tido origem numa via Romana, que estabelecia a ligação entre o interior e o litoral, mais propriamente entre a região do Douro e a região de Guimarães e do Porto. O troço que deu origem a Amarante é facilmente reconhecível até aos dias de hoje, apresentando-se como centro histórico e económico da cidade.

Percorra as ruas de Amarante e descubra os cruzamentos entre património e tradições de uma via romana que se tornou cidade.

A cidade de Amarante teve a sua origem numa via Romana com importância estratégica no território, por estabelecer a ligação entre o litoral e o interior.

Nos dias de hoje é, ainda, facilmente identificável o troço que deu origem ao centro histórico de Amarante, constituído pela Rua 31 de Janeiro (antiga Rua do Covelo, que se desenvolve desde o Largo Conselheiro António Cândido até à Ponte de São Gonçalo); Rua 5 de Outubro (antiga Rua de S. Gonçalo, com origem na Igreja de São Gonçalo, seguindo até ao edifício dos antigos Correios); Rua Teixeira de Vasconcelos e Rua Miguel Pinto Martins (antiga Rua de S. Pedro, ao longo da qual poderá encontrar a Antiga Cadeia, a Igreja de S. Pedro e a Igreja da Misericórdia); Rua do Seixedo (que contorna o edifício do Solar dos Magalhães) e Rua Carlos Amarante (que liga Santa Luzia à antiga linha de Caminhos de Ferro). Os extremos deste troço ligavam a Nova Estrada do Douro (que vinha da Régua) à Estrada de Guimarães e Nova Estrada do Porto.

Após a fundação do Condado Portucalense, em 1095, esta via ganhou projeção local e regional. Acredita-se que terá sido promovido o seu povoamento, evitando-se assaltos durante o percurso dos peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago de Compostela e os que por ali passavam. É neste contexto que se dá a construção da Albergaria do Covelo do Tâmega, nos limites da atual cidade, na atual Rua 31 de Janeiro, que assegurava, tal como tantas outras albergarias espalhadas pelo país, apoio aos viajantes com dificuldades em encontrar assistência durante as suas deslocações pelo território. Esta rua continua a ser uma referência no bem receber amarantino, podendo nela encontrar vários restaurantes e confeitarias, onde é possível saborear a melhor gastronomia de Amarante (doçaria incluída).

À data, porém, não estavam reunidas as condições morfológicas para que ali se gerasse um pólo urbano. O terreno era muito ingreme, desprotegido e a travessia do rio era difícil, devido ao estreitamento do caudal que tornava as águas mais rápidas e perigosas. Em 1250 é proposta, por São Gonçalo, a reedificação da ponte sobre o Tâmega (da qual apenas resta a estatueta da Nossa Senhora da Ponte, que se encontra atualmente no Museu de Arte Sacra e uma réplica na janela do Convento de São Gonçalo, local onde esteve, durante muitos anos, o original), tornando a travessia do rio mais segura, rápida e cómoda. A nova ponte, aliada à recuperação da ermida existente nas proximidades, aumentou significativamente a capacidade de atração e fixação, o que impulsionou o crescimento populacional e a centralidade deste território de Amarante. Mas é com a construção do Convento de S. Gonçalo, iniciada em 1540, que se torna visível e inegável a ocupação desta via romana, que mais tarde, se transformaria na atual cidade de Amarante.

Ficou curioso e gostaria de saber mais sobre como é que Amarante se transformou na cidade dos dias de hoje? Solicite um mapa e parta à descoberta das ruas que estiveram na sua origem.